O primeiro vampiro, de Ewerton Carvalho


Os vampiros são criaturas mundialmente conhecidas, mas nem sempre eles são apresentados da mesma forma. Eu, por exemplo, já li livros e vi filmes, onde eles são o melhor dessa terra, assim como já mergulhei em narrativas, onde eles são a encarnação de tudo o que há de ruim nessa vida. Bebedores de sangue, amaldiçoados, sem alma, românticos incorrigíveis, deuses ou então demônios. Esqueça tudo o que já ouviu falar sobre eles, O primeiro vampiro é o começo de uma história que é contada até hoje e se tornará imortal nas palavras de Ewerton Carvalho.



Criada pela feiticeira Baba, Ohrí, aos cindo anos conhece poções que curam e matam. Levado por uma caravana cigana, é escravizado por um duque em seu castelo. Caindo nas graças do Conde Wladimir, ele conhece a vingança na forma mais fria. [...] Agraciado com uma dádiva enviada das estrelas, Ohrí encontra a tão procurada paz. No entanto, ela não dura muito e um chamado irrecusável o leva a uma armadilha que o faz, se considerar o culpado pela tragédia. Acreditando ser detentor de alguma maldição, parte em busca de respostas.


Podemos acompanhar Ohrí desde o dia do seu nascimento, e isso faz com que mergulhemos ainda mais na narrativa, todos os personagens do livro são fortes, até mesmo os que não me agradaram no começo, conquistaram meu respeito no final de suas participações, é impossível ignorar o fato de que todas as palavras escritas ali foram postas por um motivo certo, como se para escrevê-las o autor tivesse tido alguma espécie de meditação, o que eu não duvido que tenha acontecido, já que elas foram distribuídas meticulosamente.



Ohrí é um homem como qualquer outro, com todas as vontades, desejos carnais e impulsos que um humano carrega dentro de si, mas desde sempre - antes mesmo de sair do útero da sua mãe - os céus sabiam que ele seria magnífico algum dia, capaz de liderar guerras, vencer inimigos e sustentar um poder inimaginável. Porém, tudo tem um preço.

Após as análises realizadas, eles ficaram impressionados ao ver as marcas do ataque do lobo manchando de sangue a clareira. Aquilo era um presságio, um sinal de que na vida de Ohrí haveria muito sangue, o que foi confirmado pelos rastros do rato do mato, interrompidos e borrados de modo súbito [...] As pegadas dos lobos atravessando o círculo e rodeando
Ohrí mostravam que ele era o irmão selvagem e, para não deixar dúvidas, um deles urinol como que demarcando o terreno a ele pertencente. Caso Ohrí não o pegasse em três noites, lobo seria o vencedor e dominaria a alma de Ohrí fazendo-o enlouquecer e agir como um animal feroz. 


A narrativa do livro é séria e bem estruturada, houve um enorme  trabalho de pesquisa, e isso conta muito na hora da leitura, o livro te acrescenta em tantas formas que chega a ser difícil ir para a outra obra, já que vem sempre á mente uma comparação.

-De tudo. Já vi muitas guerras, e nas guerras só existe uma palavra: "perda". Perdem-se vidas, partes do corpo, da alma, o caráter e as memórias. Meu filho e minha mulher morreram numa guerra sem sentido. O chefe do clã vizinho quis a filha do  chefe contra a vontade de ambos. Ele deu joias e ouro, mas não conseguiu. Atacou numa noite sem lua. Estávamos em casa. Minha mulher tocava harpa e meu filho declamava poesias. Ele foi atacado pelas costas. Eu corri para pegar a  espada, e outro apareceu e atirou uma lança no peito da minha mulher. 

É um livro que contém os extremos do amor e do ódio, que fala sobre perdão e egoísmo, onde o maior entre todos pode sucumbir nas cinzas e o menor pode se erguer de maneira esplêndida.



O primeiro vampiro foi um dos livros que me surpreenderam esse ano, me senti muito alegre com o fato de ver ele como parte da literatura brasileira. Esse livro é uma leitura que sempre recomendarei.


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