JOVENS DE ELITE, DE MARIE LU




Sou uma grande fã de livros onde, os protagonistas são do sexo feminino. Marie Lu já havia me impressionado com a Trilogia Legend, mas Jovens de Elite me arrancou muito mais do que suspiros e tensão, considerando que é o primeiro livro.

"Nos anos bons, eles comem, bebem, riem e amam. Nos anos ruins, empunham suas espadas e cortam as gargantas uns dos outros.
   — Trecho de Relações entre Kenettra e Beldain, As viagens de Elaida Eleanore"

A vida dos habitantes de uma terra dividida em Reinos, muda drasticamente com a chegada da Febre, doença que atingiu um número considerável de crianças e adultos, porém, matou apenas os últimos.

A febre não poupou a família de Adelina, ela foi contaminada, assim como sua mãe e sua irmã mais nova. Apenas a mãe delas morreu, mas Adelina, como algumas outras crianças, foi marcada, seus cabelos de negros foram para um tom parecido com o branco, e como as outras crianças com marcas -sempre diferentes- foi tratada como uma maldição, sendo assim desprezada pelo Pai, enquanto sua irmã, Violetta, recebia todos os mimos possíveis.

Adelina odeia o que a Febre fez com a sua vida, lhe causando perdas emocionais e físicas, já que na tentativa de salvá-la, os médicos tiram um de seus olhos. Não é uma surpresa que ela odeie a sua condição.

Quando descobre que seu pai planeja vendê-la, a jovem sem nenhuma outra opção, foge. Infelizmente, a sorte nunca está jogando a favor dela, e em um terrível acidente, Adelina é condenada a morte pela Inquisição, grupo treinado para lidar com os Malffetos -modo que chamam os marcados com a febre.

Quando ela já está sem esperanças, os Jovens de Elite aparecem, eles como Adelina foram marcados pela Febre, que além de deixá-los com marcas físicas, lhes concedeu poderes. Depois de ser salva por eles, a verdadeira Adelina começa a se libertar.



Toda a estória é, no mínimo, angustiante. Nunca havia visto nada igual, sem exageros. Não temos mocinhos, nem vilões, são só pessoas muito poderosas lutando por aquilo que acreditam, seja bom ou ruim. Eu sei, extremamente empolgante, já que a maioria dos protagonistas no cenário atual, procura esconder suas piores partes, ou então, recebem perdão absoluto por elas existirem. Marie Lu fez algo frio e cru, a verdadeira face humana.

"A ambição que se agita em mim chega ao máximo, desalojando a
tristeza, se fundindo à raiva, ao ódio e ao medo, à paixão e à curiosidade. Os pensamentos à espreita no fundo de minha mente agora abrem caminho,
seus dedos compridos e ossudos, alegres pela liberdade que estou dando a eles."

Marie Lu explica nos agradecimentos que no rascunho da estória, o protagonista seria um homem, Adelina já existia, mas não tinha o papel principal, era apenas, nas palavras da autora:"uma garota má". Nunca uma mudança foi tão bem recebida por mim, porque esse livro, acima de tudo, é a libertação da maldade de Adelina.

Cada frase, palavra e ponto... Tudo no livro, incluindo as mortes que te farão sangrar por dentro, é tão bem pensado que eu não fiquei triste ou com raiva, consegui avaliar a narrativa com um olhar frio, ficando do lado de Adelina mesmo quando ela era uma idiota.

Não parece ser uma simples saga ou trilogia, se os próximos livros forem iguais a esse, é bem provável que tenhamos uma nova queridinha do público.

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