CRÍTICA | ASSUNTO DE FAMÍLIA

O que liga você a outro ser humano?  São os laços de sangue?  É o amor ?  
Nesse longa, as questões da família Shibata são colocadas em pauta para que essas perguntas, de forma explícita ou não, sejam respondidas.




Depois de furtarem alimentos em um supermercado, com o fim amenizar a falta de condimentos e utensílios de sua residência, Osuma e seu filho, Shota, se deparam com a pequena "Yuri" passando frio na rua e, depois de alguma resistência da família, aceitam ficar com a garota, a acolhendo no seio da já disfuncional família Shibata que, vivendo com os salários baixos e com a pensão da avó, estão abaixo da linha da pobreza. Na casa moravam cinco pessoas, ficando em seis quando a pequena menina é incluída.

No decorrer do filme vamos entendendo como essa família foi construída e que, o motivo de se manterem unidos, não tem nada relacionado a laços de sangue, mas sim a laços afetivos, que chegam a ser descritos como os mais fortes. Todos vivem em uma casa pequena, o que seria problemático se eles não ligassem para o que cada um faz da sua vida. Com poucas ressalvas, eles apenas se amam. 

A avó é um dos personagens que se sobressai, ela é a matriarca da família, engenhosa, sustenta os seus com uma suposta pensão. Ela me surpreendeu de inúmeras maneiras, o que causa um sentimento agridoce até agora.


O ponto alto do filme é, com certeza, a virada que acontece da metade para o final. Ela nos proporciona uma visão diferente da família que conhecemos no início. O clímax é tão bem orquestrado que você se pega pensando nos detalhes, um tanto óbvios, que desde o começo complementam os segredos do final trama.


Uma das mensagens mais importantes do filme é que, mesmo com qualidades ou defeitos, a família é o bem mais importante. Ela não é explicada apenas por DNA ou convivência. O filme faz com que o telespectador sinta ternura por aqueles personagens, se ligando a família de forma que ele não questiona os atos ilícitos. Você acaba se tornando um defensor, o olhar empático vem de tal forma que até o roubo se torna justificável.

Com roteiro e atuações ótimas, o filme é uma das apostas de 2019, e que vale muito a pena.

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